Wednesday, April 26, 2006

Eu e os Outros


Começo a ceder à vontade de partilha das assimilações interiores. Inspiração lenta e profunda, como desanimada e baralhada. Ah, já nem sei o que fazer!
É como se o meu bem-estar desaparecesse de um momento para o outro. É como se os outros já não fossem os mesmos. É como se tudo não tivesse sentido, sendo apenas o nada. Como gostaria de acordar num cenário diferente!

Já senti que nesta vida não dá para parar.
As pessoas vão, as pessoas voltam, e andamos nisto.
A minha vida passa superficialmente na dos outros e ninguém pára e pergunta: “ És feliz meu amor?”. E de vez em quando, avistam-se umas marionetas para nos dispersarem do caminho. É bom saber que sempre, e cada vez mais, vamos conhecendo algo de novo!

O que realmente deixa-me triste neste momento?
Algumas pessoas que me rodeiam e não me dão a mão para seguir com elas. Continuar a acreditar no amor e ele não existir dentro de mim. Sensação de alguma frieza e insensibilidade. Não saber o que é colinho e miminho há muito tempo. Não extrapolar os limites do prazer e nem sequer fazer ideia de quando serão sentidos novamente. Andar a deriva, não conseguir tomar opções. Não saber o que sinto nem encontrar o meu emocional. Ter medo de amar. Não sentir o desejo de fazer loucuras. Não seguir as minhas vontades, sendo q.b. racional. Deixar passar as melhores imagens da minha vida…

Como tudo seria mais simples sem o pensamento...
Olho à volta e não sei se estou sozinha ou encurralada de seres imóveis. Acho que as pessoas apenas limitam-se a perceber o que está perceptível num raio mínimo. Fodam-se todos! No fundo ainda reside a esperança e a espera. Lei da acção-reacção. Acredito no Karma mas também acredito na ocasionalidade das coisas. Sendo um bicho da terra, só numa determinada estabilidade é que direccionar-me-ei em prol dos meus frutos. Senão estarei como estou hoje: apenas!

Acho tão natural que não se pense
que me ponho a rir às vezes, sozinho,
não sei bem de quê, mas é de qualquer coisa
que tem que ver com haver gente que pensa…

Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
a perguntar-me coisas…

E então desagrado-me, e incomodo-me
como se desse por mim com um pé dormente…
Que pensará isto daquilo?
Nada pensa nada.
Terá a Terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha…
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas coisas,
deixaria de ver as árvores e as plantas
e deixaria de ver a Terra,
para ver só os meus pensamentos
entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.


Alberto Caeiro

Toque

Toque... sede do todo. Não quero condicionamento humano, pesando constantemente a minha liberdade. Quero movimento, ritmo! Quero fechar as portas para a ignorância e abri-las para a sabedoria. Vá, conta-me uma história… Bem, parece que já contaste essa! Esquece e dorme. Absorvo as conversas alheias… Bem, parece que já ouvi essa. Truz, truz, truz… alguém bate à porta e diz: "Quero caminhar-te, elucidar-te!". Pré requisito, não voltar atrás. Levarei sempre a vontade até onde quiser. Fecho os olhos e sinto o toque…

O delírio


Estou possuída pela enorme sensação de missão cumprida... o retrocesso logo se verá, aparentemente positivo. Não sei o que vai na mente destes seres, apenas concentro-me no desfrutar do momento, no modo como desejaria que ocorresse.Vibração paira no centro da cabeça, som lindo! Meio máquina, meio ilusório, e pouco definido.
Estou farta do momento ideal com as pessoas ideais. Vontade enormíssima de extrapolar os meus limites físicos. Só quero continuar a sentir esta enorme sensação de consciência e de alerta semi-desenvolvida. Perturbação funcional ocorre. A sensação de dor é emitida pelo sistema nervoso autónomo. Por comparação, chegaria a algo fora dos nossos limites. Talvez loucura sóbria, mas insisto em continuar a desvendar o mistério. Não estão, nem são só necessárias, as coisas ao alcance previsível de cada um.


Quase no fim do ano. Tudo passa, tudo fica. Ninguém vem explorar.
Agora fez click e percebi que falhei de novo. Falta de confiança, falta de amor, continua tudo igual. Mas tudo é transformado e até personificado. Apenas a confusão e angústia.
Fica tudo igual. Nada é entendido, nem esclarecido.
Questiono-me porque estou aqui, o que falhou para trás e faz-me falhar agora.

Vibração interior.... onde estás tu meu jovem despertamento?
Quem sabe algures ou em lugar algum. Não, desta vez não vou falhar. A convicção continua e a esperança é mantida. O som baixa e as vozes alteram-se. Pum pum pum… bate o coração! A barreira do medo cresce...

A busca inquietante

Acho que não adianta insistir na ideia do equilíbrio parcial da vida. Talvez não dê para controlar tudo... não adianta continuar relaxada à espera que tudo mude dentro de mim… cá fora vai mudando. Vou apenas encontrar soluções.

“Assim, a princesa sai da sua bela e confortável cama e descobre que pela janela tem acesso a uma nova realidade. Sem hesitar, caminha para essa realidade esperando que a vida lhe ensine tudo de bom. O que for menos bom, que seja complementado pelo melhor!
Agora não terá a segurança encontrada nas suas quatro paredes amareladas. Apenas, através dos seus cinco sentidos físicos e de alguma objectividade nos pensamentos, segue o percurso natural do seu ser. Descobre que tudo é um sonho e que está tudo lá, basta saber como e onde encontrar. Dá um pequeno passo e sente um piso diferente… os cheiros são estimulantes! O brilho do olhar enche-se de prana. Os movimentos tornam-se mais conscientes, os sons vibram dentro e fora do seu ser. E o sabor pela vida torna-se doce e infinito!"

Pessoas que passam, pessoas que ficam

Há pessoas, tantas pessoas, que ao longo da nossa vida, passam, como passam as paisagens pela janela de um trem. Nada mais são, nada mais querem ser, senão paisagem. Bonita, às vezes, passageira sempre…
Mas há outras pessoas que viajam connosco no mesmo comboio, que permanecem ao nosso lado por toda a jornada, compartilhando tudo: as alegrias e também os momentos difíceis.

Mestre DeRose

Uma caixa mágica aberta

Acho que escreveria um romance neste momento, imaginando-me sentada a banhar as ideias de lucidez… somente eu e os seres vivos. As ideias flúem sempre na busca de alguém e uma lágrima é vertida por cada pensamento. Levanto-me e saboreio a brisa fresca e suave que preenche toda a tela. Numa caminhada de solidão percebo que os sonhos estão próximos, cheios de fantasia e felicidade, para envolver a consciência. Sinto… sinto que me chamas ao longe. Oiço o som que sempre me perseguiu… a imagem do teu sorriso, imagino o teu rosto. Mais uma tentativa e nada… apenas a brisa fresca e suave. Decido voltar para a minha caixa mágica… o cheiro do teu corpo, outrora repugnante, voltou. Quando perceberei que já não existes? Onde estará o meu novo ciclo? Tudo passa, tudo corre, fraca é a memória da paixão.
Momentos loucos e saudáveis. Contigo verti toda a angústia da dor de ficar sozinha e contigo houve a transcendência do nosso eu. Agora apenas caminho a optar, tudo se simplifica como não acontece. Quero apenas usufruir da felicidade que me invade e partilhá-la, alimentando-a fortemente. Tudo ocorre mais rápido que o próprio emocional. Florescerá novamente o desejo? O prazer? Pensamento repentino, vontade de vibração.
Assim se pôs o sol… subitamente a noite. Boa noite (disse a fada) e bons sonhos! Tudo estará no seu lugar basta limar as imagens.

A inércia


Alguns pensamentos passam, mas não são sentidos na totalidade.
Há coisas que fantasiamos para nos sentirmos preenchidos, e creio que não é isso que estou a fazer.Toda aquela ansiedade para o novo, para o desconhecido,começa a ser explorado nas pessoas mais próximas, achando eu que seria mais motivador e interessante nos desconhecidos.
Estou feliz, mas queria um pouco mais de felicidade! Não peço muita coisa, não faço é nada para tal. Talvez nem deva fazer. Vou saborear apenas o que passa por mim, sem perder a direcção do meu caminho.
Uma vida é interrompida, consequência de actos imaturos. Cada vez mais me desiludo com a raça humana.
Boa noite fada!

No limiar da desistência

Reunião na unidade. Principal foco: desmotivação. Bem parece que é sentida.
Agora tenho que optar. Estou intoxicada, não sei o que pensar, não sei o que fazer.
Uma orientação fornecida: olhar para o passado, reflectir no presente e decidir o futuro.
Algumas anotações, hoje pouco relevantes.
No passado? Muita ilusão. Presente? Alguma consistência e muitos sonhos. Um pouco de confusão e sem consciência dos efeitos colaterais desta filosofia e prática.

Uma noite lá fora e eu cá dentro! Depois de uma semana conflituosa, percebo que tudo tem o seu tempo. Agir e esperar.

O obstáculo

São 9h40. Primeiro desejo: uma cama por favor!
Já não encontro aquele brilho no meu olhar, apenas uns olhos esbugalhados sem qualquer sinal de vida. Tou? Fala da carrinha mágica? Novamente ao encontro do obstáculo desconfiança... é muito difícil acreditar nas pessoas quando nunca as quisemos ver (será que sempre se mostraram?). Não quero saber. Apetecia-me dar mão a alguém… simplesmente aquecer todo o corpo, sentir-me especial e desejada! O sol encontra-se na outra mesa. Necessidade de uma exploração interior… de renascer o amor sem interferência da vontade física. Volto para a escrita, talvez o único refúgio das minhas vontades.

No coração do Porto!


Novamente gargalhadas! Aqui me encontro com a mesma sensação de plenitude e bem-estar. Hum é tão bom quando estamos apenas assim, com tempo para nós e para as nossas parvoíces. Gostaria de extrapolar os meus sentimentos com quem me rodeia… mistura de uma certa frieza com um cheirinho de humildade. Mas sorrio com humildade e entusiasmo.
Talvez por ser um pouco vitoriosa e encontra-me a desfrutar dessa mesma vitória. Próxima vitória: perder uma parte do medo de demonstrar aqueles que me são especiais o quanto os estimo. Lua cheia, sons das aves, palavras que se trocam sem qualquer sentido! Brisa passa… que agradável sensação! Volta outra vez … as trocas verbais continuam. O rio passa devagarinho… os passarinhos continuam, do outro lado do rio, apenas carros. A cidade enche-se de luz, a lua predomina. Um morcego voa, passarinho espreita.
Vou somente envolver-me por esta paisagem!

O desabafo da Primavera

Dia da Primavera? Dia da Árvore? Não me lembro… Sei que paira uma calma e uma tranquilidade imensa dentro de mim. Nem sei se estou isolada da realidade ou se encontrei a minha própria realidade. Conversa com a Lili. Também calma. Será uma comunicação que vai além do consciente mental? Aí já não sei nada. Não tenho vontade de escrever.
Sempre admirei bastante uma série de figuras ou personalidades da nossa época, e agora aqui, num café, tive a sensação de estar a viver, ou melhor, a pressentir o que eles pressentiram! Vagueiam todo o tipo de pessoas, como a nossa raça é tão básica.
Mas tendem a complicar constantemente. Não será pela falta do silêncio.Ou a “máquina falante interna” os tende a consumir? Não, acho que é condicionamento humano e pronto.
Confesso que sinto saudades de amar um homem... mas daquela forma que tu me ensinaste, sem medo e sem perdas. Talvez seja a Primavera ou este tempo encoberto, que só tenho vontade de estar isoladinha no sofá. Ah, outro ponto. Confundo as coisas. Confundo as relações. Confundo as vontades com as emoções. Continuo a ser pequenina e à espera do conforto. Luto pelo meu, não me quero tornar uma egoísta. Quero abraçar o mundo e com ele crescer.

O acaso!

O que eu quero? Ser feliz! Aí mente confusa que só atrapalha! É por isso que não te gosto de dar voz. É o duelo entre o básico e o confuso. Sinceramente… Agora, além de tranquila, quero continuar a comunicar-te. Não achaste estranho? Eu apenas mentalizei a tua presença, tu provocaste o contacto. Depois digam que sou eu! O amor aconteçe, ou o abraçamos ou o deixamos fluir. Eu só quero uma nova base para assentar as minhas ideias e para crescer com outras. Viajar pelo desconhecido, partilhar o mesmo silêncio. Só peço à Sra. ilusão e ao Sr. desgosto que fiquem bem longe de mim! O resto? É bastante pequeno junto daquilo que já construí! Viva a luta diária! Viva o continuar a acreditar!